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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ayabe: primeira sede da Oomoto, visitada em 20/04/2012

Enoke - nome da árvore de aproximadamente 150 anos, considerada pela fundadora da Oomoto, como árvore divina por ser a "morada" de muitas divindades. Mesmo com a destruição de toda área, essa árvore foi preservada.

Impossível falar de Meishu Sama sem citar a sua passagem pela religião Oomoto. Na verdade, cabe dizer aqui que essa religião foi a origem de tudo, já que o primeiro a descortinar o grande potencial espiritual de Meishu Sama − antes mesmo dele próprio − foi o Segundo Líder Espiritual da Oomoto, Onisaburo Deguchi. Tarefa nada fácil, no entanto, é escrever em apenas alguns parágrafos sobre a Religião Oomoto, dada a sua abrangência em vários níveis: religioso, social, político e cultural, no Japão. Por isso, decidimos criar três matérias, conforme as visitas que realizamos às cidades-sede. Começamos por Ayabe, primeira sede da Oomoto; a seguir, nosso enfoque se volta para Kameoka, sede atual da Oomoto; nossa terceira matéria, que aborda as inúmeras vertentes artísticas desenvolvidas pelo segundo líder espiritual da Oomoto, Onisaburo Deguchi, bem como a relação dele com Meishu Sama, está postado sob o título, Oomoto: Arte e Religião.

  • Origem


A Religião Oomoto foi fundada em 03 de fevereiro de 1892 – ano 25 da Era Meiji – por Nao Deguchi (1837-1918), que mesmo sendo uma pessoa analfabeta, psicografou, em kana cursivo, Ensinamentos, que lhe foram revelados pelo Deus Ushitora (Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto), que em épocas remotas, foi cultuado como o Deus ancestral da humanidade e governante da Terra. Devido a seu grande poder e enorme senso de justiça, Ushitora foi sempre um Deus muito temido pelas entidades negativas.

Os textos psicografados ao longo de 26 anos, por Nao Deguchi deram origem ao Ofudesaki – livro onde se encontram os fundamentos da Oomoto, religião de caráter universalista cujo lema central, em esperanto, é o seguinte: "Unu Dio, Unu Mondo, Unu Interlingvo", o que em português, corresponde a: "um Deus, um mundo, uma língua universal".

Meishu Sama tornou-se membro da Oomoto em 20 de junho de 1920 e frequentou tal religião até 15 de setembro de 1934, tendo permanecido afastado, nesse período, durante três anos. Em diversos de seus Ensinamentos, Meishu Sama faz referências ao Ofudesaki e à Religião Oomoto. Portanto, a relação com tal doutrina é bastante significativa.

Hoje, dia 20 de abril de 2012, fomos à primeira sede da Oomoto, localizada na cidade de Ayabe, província de Kyoto – fato que, para nós, foi muito importante: estarmos no mesmo espaço sagrado que Meishu Sama frequentou. As instalações do local já não são as mesmas da época de Meishu Sama, pois a Oomoto, devido a perseguições políticas, sofreu duas grandes destruições, que a devastaram: uma em 1921 e outra em 1935.

Em Ayabe, fomos recepcionados – aliás, com extrema atenção e carinho – por Hirofumi Deguchi, membro da família da atual líder espiritual, Kurenai Deguchi, a quinta líder da geração, tataraneta da Fundadora Nao Deguchi. Pudemos, então, visitar o espaço todo, inclusive fomos levados aos possíveis locais pelos quais Meishu Sama teria passado. É um local de extrema ordem e paz, onde a Natureza exerce um papel essencial. As árvores, plantas e lagoa do lugar são reverenciados quase como se fossem verdadeiros "deuses". Algumas de suas árvores destacam-se das demais, com cercas de bambu onde, bem à sua frente, são colocados altares para orações, pois acredita-se que o lugar seja sagrado, habitado por divindades. Tudo ali tem um significado especial: uma árvore, uma pedra, uma lagoa, e é possível perceber no local toda uma atmosfera de profundo respeito pela Natureza. Trata-se da própria origem do pensamento xintoísta, que se caracteriza pelo culto à Natureza, aos ancestrais, pelo politeísmo e animismo, com uma ênfase na pureza espiritual, e que tem como uma de suas práticas honrar e celebrar a existência de Kami (deuses) – que pode ser definido como "espírito", "essência" ou "divindades", associado a múltiplas formas compreendidas pelos fiéis. Em alguns casos, Kami apresenta uma forma humana; em outros, animística, podendo também associar-se a  forças mais abstratas e naturais do mundo, como montanhas, rios, relâmpagos, vento, ondas, árvores e rochas.

  • A sede


As fotos a seguir foram tiradas na nossa visita a Ayabe e retratam a primeira sede da Oomoto, local que Meishu Sama frequentou por onze anos. Esse Templo principal é utilizado, nos dias de hoje, para Cultos e cerimônias em homenagem a antepassados. A atual sede administrativa e missionária foi transferida para a cidade de Kameoka, também pertencente a província de Kyoto.


"Miroku den" - Santuário de Miroku






  • Orações e rituais de purificação ocorrem na Natureza










  • O jardim de Ayabe: um "kata" do mundo



A área verde de Ayabe não é simplesmente um jardim. Foi minuciosamente planejada para ser um "kata" do mundo, ou seja, cada continente estaria ali representado. A lagoa do local, que perfaz um caminho sinuoso, é chamada de "Kinryu-kai" (Mar de Kinryu) e representa o Dragão Dourado. Em vários espaços desse "kata", apresentam-se simples construções em madeira, como a que podemos observar na foto a seguir, a qual identifica haver no local um espaço sagrado a ser cultuado.
























  • O interior do Templo



Nao Deguchi (1837-1918), fundadora da Oomoto. Aos 57 anos começou psicografar as revelações de Kunitokotachi

Onisaburo Deguchi (1871-1948),  Segundo Líder Espiritual, considerado co-fundador da Oomoto, genro de Nao Deguchi. Aos 26 anos, começou sua missão espiritual. Casou-se com Sumiko, filha da Fundadora e mudou seu sobrenome de Ueda para Deguchi.

Objetos utilizados pela fundadora

Salão-nobre do Templo

Altar principal

Oferendas depositadas no Altar em homenagem a antepassados


Nota: Leia também as matérias publicadas na sequência que, juntas, completam nossa visita realizada à Oomoto. São elas: Kameoka: atual sede da Oomoto (visitada em 21 de abril de 2012); Oomoto: Arte e Religião, que aborda as inúmeras vertentes artísticas desenvolvidas pelo segundo líder espiritual da Oomoto, Onisaburo Deguchi, bem como a relação dele com Meishu Sama.


Fim.

3 comentários:

  1. parabéns pelo magnifico trabalho postando no blog, um pedaçinho da paz que existe no mundo.
    Que paz,acho que é impossivel não se transportar e por alguns minutos vivenciar essa paz.

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  2. Adorei!!!
    Está tudo perfeito! Eu sei o trabalho que dá montar tudo, história, sensações, fotos...
    Um trabalho excelente!!!
    Parabéns!!!

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